quarta-feira, 3 de julho de 2013

Câncer de colo de útero é o segundo mais frequente nas mulheres brasileiras. Previna-se.

Há 5 anos Luciana Alcântara descobriu que tem HPV e se tratou logo no início. Quando Bruna* descobriu que estava com HPV, a doença estava em estágio mediano. Apesar de já ter percebido o crescimento de alguns caroços na região pubiana, ela só procurou o médico quando eles aumentaram de tamanho. O ginecologista recomendou tratamento imediato, tendo em vista o câncer de colo de útero, do qual o HPV é responsável por 95% dos casos.
A maneira mais comum de contrair HPV é através de contato direto com a pele em relações sexuais. Inclusive nas preliminares e o sexo oral, por isso a importância de usar camisinha sempre. A contaminação por objetos que estejam infectados, como toalhas, vaso sanitário ou até mesmo roupas até pode acontecer, mas são casos mais raros.
O HPV, com nome científico papilomavírus humano, tem compreende uma grande quantidade de subtipos de vírus ( cerca de 100 tipos ) e é capaz de provocar aparecimento de verrugas e lesões na pele ou mucosas, que foi o caso de Bruna*. Pelo menos 13 tipos desse vírus podem contribuir para o surgimento do câncer de colo de útero. A maioria das mulheres brasileiras não sabe que tem o vírus HPV, que ele tem relação direta com o câncer de colo de útero e nem que o vírus pode ficar enclausurado por muito tempo sem se manifestar.
Quando a pessoa descobre que tem o vírus logo no início o tratamento é mais leve, realizado com ácidos, cremes e pomadas. Também há o tratamento feito através de intervenção cirúrgica, com laser e bisturi elétrico. É preciso lidar com paciência ao tratamento e depois não faltar às consultas de acompanhamento, que acontecem normalmente de 6 em 6 meses. É importante também cuidar da saúde e do lado emocional, pois pessoas com o sistema imunológico fortalecido tendem a não serem tão afetadas, mesmo tendo o vírus em seu corpo.
Bruna fez o tratamento a laser, com a cauterização das lesões. “Além do laser, tomei um complexo vitamínico por 3 meses e depois tomei a vacina para me prevenir dos outros tipos de vírus HPV”, comenta.
Vacinas e prevenção
Ministério da Saúde incorporou ao Sistema Único de Saúde (SUS) a vacina contra o HPV,  que é usada na prevenção de câncer de colo do útero. No próximo ano, meninas de 10 e 11 anos receberão as três doses necessárias para a imunização, mobilizando investimentos federais de R$ 360,7 milhões na aquisição de 12 milhões de doses. No Brasil, a Organização Mundial da Saúde estima que 685 mil pessoas que possuem vida sexualmente ativa são infectadas por ano.
Esse tipo de câncer é o segundo tumor mais frequente na população feminina brasileira, atrás apenas do câncer de mama. A cada ano, 270 mil mulheres no mundo morrem por conta da doença. Por isso Luciana ficou nervosa ao saber do diagnóstico. “Quando descobri que era HPV, me desesperei. Fiquei muito assustada e fui fazer vários exames. Só depois que o ginecologista me informou que como as verrugas tinham se desenvolvido apenas do lado de fora e assim era mais fácil de tratar, aliviei. Não é um monstro, mas precisa ser tratado”, comenta Luciana.
Luciana faz acompanhamento periódico de 6 em 6 meses no ginecologista há 5 anos, desde que descobriu que tem a doença. Ela conta que além de alertar outras pessoas sobre como prevenir e tratar do HPV, através de seu blog,  contou com o apoio incondicional do marido, que foi compreensivo, a incentivou a fazer o tratamento e lidar com a doença normalmente.
Pela primeira vez, a população brasileira terá acesso gratuito através do SUS a uma vacina que protege contra o câncer. O objetivo do Ministério da Saúde é vacinar cerca de 3,3 milhões de pessoas, o equivalente a 80% do público alvo. O câncer de colo de útero demora muitos anos para se desenvolver e pode ser evitado caso as mulheres realizem o acompanhamento e o exame preventivo, como faz Luciana, que não falta uma consulta. O exame é chamado de Papanicolau, e precisa ser realizado periodicamente. O exame é simples, rápido e não dói. Provoca apenas um leve desconforto e incômodo, que passa rapidamente. Para Luciana as informações sobre prevenção e tratamento do HPV devem deixar de ser tabu entre as mulheres “temos que tratar como uma doença normal, não precisa ter vergonha, é algo que acontece com várias mulheres e que deve ser cuidado”.
O Ministério da Saúde investiu, em 2012, cerca de R$ 72 muilhões para a realização de 11 milhões de exames. O exame é recomendado para mulheres de 24 a 65 anos de idade.
*Bruna é um nome fictício
Por Kathlen Amado / Blog da Saúde