segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Médicos aumentam idade mínima para exame de próstata de 45 para 50 anos

Os exames para rastreamento de câncer de próstata devem ser feitos a partir dos 50 anos, e não mais a partir dos 45 anos, segundo nova recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia.
A mudança está de acordo com as últimas descobertas científicas e segue orientações das principais sociedades médicas internacionais, segundo Antonio Carlos Lima Pompeo, coordenador do departamento de uro-oncologia da entidade.
“Aumentamos a idade mínima porque os últimos estudos mostram que a chance de ter câncer de próstata é baixa aos 45 anos. Mas ainda defendemos que homens com maior risco devem fazer a partir dos 45″, diz Pompeo. Têm maior risco homens com casos de câncer na família, negros e obesos.
As novas orientações da entidade médica serão lançadas durante o 34º Congresso Brasileiro de Urologia, que será realizado em Natal (RN), a partir do dia 16.
As diretrizes, porém, estão longe de ser um consenso, já que não há um protocolo nacional de rastreamento para esse tipo de câncer –assim como há para o câncer de mama ou do colo do útero.
O Inca (Instituto Nacional de Câncer) não recomenda que sejam feitos exames de próstata em homens assintomáticos, porque, segundo o instituto, não existem evidências científicas de que a prática reduza a mortalidade pela doença.
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no país (atrás do câncer de pele não melanoma). Em 2012, a estimativa é de que tiveram 60.180 novos casos no país, segundo o Inca.
Para rastrear o câncer de próstata, os médicos fazem um exame físico, que inclui o toque retal, e testes laboratoriais –como o PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês), teste de sangue que detecta alterações malignas ou benignas na próstata.
De acordo com o urologista Miguel Srougi, professor da Faculdade de Medicina da USP, fixar idade mínima para começar os testes é uma decisão “arbitrária e especulativa”.
“Esse número não é baseado em dados científicos. Não tem como dizer qual é a hora certa de começar os exames. O homem tem que participar dessa decisão. Se ele tem caso na família, talvez queira ir ao médico com 40 anos.”
Para Pompeo, deixar de fazer exame periódicos “é voltar à medicina de 20 anos atrás, quando o homem já chegava ao consultório com metástase”.
Segundo o urologista, a chance de cura de um tumor localizado em estágio inicial é de mais de 90%.
“É verdade que encontramos muitos tumores indolentes (pouco agressivos), mas também encontramos tumores com componentes agressivos e, nessas situações, há mais chance de cura quando o diagnóstico é precoce”, afirma Pompeo.