quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

AMAMENTAÇÃO SEM SEGREDOS

Amamentar. Essa é uma palavra-chave para as mulheres que estão prestes a dar à luz ou que tiveram filhos recentemente. Nesse momento, muitas dúvidas surgem: “Como eu faço? Será que vai ser difícil? Vou ter leite?” E os questionamentos não acabam por aí! Afinal, dá um frio na barriga só de pensar que o bebê precisará do seu leite logo depois de nascer. E é nessa hora que a mulher vive uma das experiências mais marcantes de sua vida, uma vez que o aleitamento é sinônimo de saúde para o pequenino que acabou de chegar.
 
O ato de amamentar envolve dedicação e paciência para que se construa uma ligação forte de intimidade com o recém-nascido. “A amamentação deve ser de livre demanda: o bebê se alimenta quando quer. Por isso, a mãe precisa estar sempre à disposição”, diz Valdenise Laurindo Tuma Calil, pediatra, neonatologista e diretora técnica do Berçário Anexo à Maternidade do Hospital das Clínicas de São Paulo. Mas fique tranquila e não se desespere. O Portal Vital está aqui para ajudar você nessa jornada estimulante de descobertas e muito amor. 
 
Procure um especialista
 
Primeira dica: não se deixe levar pela ansiedade e pelos palpites dos outros. Consulte um pediatra antes mesmo de o bebê nascer. Esse profissional pode orientar você sobre como se preparar e o que fazer em caso de possíveis problemas. Ele vai avaliar, entre outros aspectos, se a mama tem alguma alteração anatômica ou se apresenta outras características a serem consideradas, por exemplo, se os bicos dos seios estão mais à mostra e se são planos ou invertidos. 
 
Valdenise diz que “preparar” os mamilos, como esticá-los ou tomar banhos de sol, é dispensável. Além disso, durante a gestação, evite passar cremes, pomadas ou outros produtos.
 
Vantagens para o bebê e a mãe
 
O leite materno é um alimento completo: possui vitaminas, minerais, açúcares, gorduras e proteínas. Além disso, é de fácil digestão, protege o bebê contra infecções e alergias, bem como previne problemas futuros, a exemplo de alguns tipos de doenças cardíacas, hipertensão, diabetes e aumento do colesterol. Por esses motivos, amamentar é um ato fundamental para o desenvolvimento da criança. 
 
No caso das mães, isso ajuda na recuperação, pois dar o peito logo depois do nascimento do bebê diminui as chances de sangramento após o parto (e, consequentemente, de anemia), além de estimular a redução mais rápida do útero, graças à produção do hormônio ocitocina. Alguns estudos até mostram que a amamentação reduz as chances de câncer de mama e de ovários.
 
Talvez o mais importante nesse processo seja o fortalecimento da relação entre mãe e filho, pois o aleitamento materno é um momento especial de carinho e afeto.
 
Como amamentar
 
Você pode dar o peito deitada, sentada ou em pé. O essencial é que, acima de tudo, se sinta confortável e encontre uma posição adequada também para o bebê. 
 
Quando sentir que o peito está “cheio”, massageie e esprema a região da aréola para que saia um pouco de leite, o que ajuda a deixá-la mais “macia”, facilitando a “pega”. A posição é boa quando a criança está com a boca bem aberta, os lábios virados para fora, o queixo tocando a mama e a parte superior da aréola mais visível do que a inferior. Encostar a criança na sua barriga também a ajuda a realizar a sucção. 
 
O bebê deve esvaziar a primeira mama (a que estiver mais cheia), arrotar e ir para a segunda. Lembre: ele mamará menos e, em seguida, dormirá. Na próxima amamentação, ofereça esse mesmo peito, que estará mais cheio.
 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, mas isso nem sempre é possível. Então, não se sinta culpada se tiver que parar de amamentar antes desse período. Consulte o pediatra para saber como agir.
 
Fissuras ou rachaduras
 
À medida que os dias passam, podem surgir fissuras ou rachaduras nos mamilos. Elas acontecem quando a posição do bebê durante a amamentação e a “pega” não estão certas. Tente encontrar outro posicionamento e comece pelo peito sem ferimento. O próprio leite materno é o seu aliado: espalhe-o no mamilo e na aréola nos intervalos das mamadas para ter uma melhor hidratação e cicatrização da região, evitando também o surgimento de infecções.
 
Se achar que é necessário, procure o pediatra e informe-se sobre qual medicamento usar. Rachaduras mais graves podem levar ao leite empedrado (ingurgitamento), o que, por sua vez, aumenta o risco de você ter uma mastite (inflamação da glândula mamária).
 
O que é a “ordenha”?
 
Se você tem leite em excesso, está afastada do bebê (principalmente quando volta a trabalhar) ou se a criança tem dificuldade para sugar, fazer a “ordenha” é essencial para “esvaziar” os seios. Depois, guarde o alimento na geladeira por até 24 horas ou congele-o, no máximo, durante 15 dias.
 
Para realizar o processo, massageie o seio com as pontas do indicador e do polegar na região próxima à aréola, repetindo o gesto em direção às regiões mais afastadas do mamilo. Em todo o momento, comprima delicadamente o peito contra o tórax com as palmas das mãos.
 
As bombas manuais e elétricas são utilizadas por muitas mulheres para facilitar a “ordenha”. Mas tome cuidado: depois de esterilizar as partes que estarão em contato com os seios e o leite, não exagere na pressão da sucção e use-as com moderação para não machucar os mamilos.
 
Alimentação correta
 
“A mulher não precisa de uma dieta especial durante a amamentação, mas ela deve ser equilibrada, com alimentos ricos em proteínas, gorduras, carboidratos e sais minerais. Isso porque ocorre um gasto calórico maior nesse período – cerca de 550 calorias diárias”, explica Valdenise.
 
Evite ingerir chocolates, bebidas com cafeína (café, refrigerantes, chás etc.) e comidas gordurosas, condimentadas ou ácidas, que podem provocar cólicas na criança.  Se o bebê apresentar sinais de alergia à proteína do leite de vaca (cólica, refluxo, vômito e diarreia), assim como de seus derivados, retire esses produtos da sua alimentação e peça a opinião do pediatra.
 
Mitos e verdades
 
Muito se fala a respeito de amamentação. Porém, nem sempre as informações que circulam são verdadeiras. Por isso, o Portal Vital separou as frases mais comuns que as mães ouvem e levou para a nossa especialista responder. Ela explica o que é mito ou verdade. Confira!
 
O leite pode “secar”.
Verdade. A produção diminui à medida que o corpo entende que o alimento não é mais necessário. Quanto mais o bebê mamar ou você “ordenhar”, maior será a produção.
 
Amamentar faz os peitos caírem.
Mito. Isso acontece por outros fatores, como idade, hereditariedade e ganho de peso.
 
Crianças pequenas ou prematuras não podem mamar.
Mito. A dificuldade para sugar pode ser maior, mas o bebê deve, sim, receber o leite materno.
 
Não posso trabalhar enquanto estiver amamentando.
Mito. Você pode – e deve – amamentar mesmo quando retornar ao trabalho. Faça a “ordenha” para guardar o leite em um frasco de vidro (esterilizado) com tampa plástica e conserve-o na geladeira ou no freezer. Caso seja necessário realizar o transporte do leite líquido, isso deverá ser feito em uma bolsa térmica com gelo comum, enquanto o do leite congelado precisará de gelo reciclável ou “geloc”.
 
Preciso me preocupar com o peso durante a amamentação.
Verdade, mas é necessário se alimentar bem e sem preocupação excessiva com a balança. Durante esse período, o corpo gasta as reservas de gordura para a produção de leite; porém, evite ganhar peso em excesso por exageros na alimentação.
 
Os bebês devem mamar só durante o dia.
Mito. Dê de mamar sempre que o recém-nascido quiser, mesmo à noite e de madrugada, quando a maior produção de prolactina aumenta a quantidade de leite.
 
A transição para as papinhas deve começar por volta dos seis meses.
Verdade. Essa é a época ideal para que a criança comece a comer papinhas. Segundo o Manual de orientação para alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os alimentos ideais são cereais ou tubérculos (arroz, milho, macarrão, batata, mandioca, inhame e cará), leguminosas (feijão, soja, ervilha, lentilhas e grão-de-bico), proteínas animais (carne de boi, vísceras, frango, ovos e peixe) e hortaliças (verduras e legumes).

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